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Rapidinhas | 0056

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Sonho um dia poder caminhar pelas ruas e ver uma igreja onde ela é simplesmente a Igreja, só isso, sem a companhia de outros nomes.


Sobre os meninos (Um salmo para os dias de hoje)

sábado, 18 de agosto de 2012



 Foto: Oliveiro Pluviano


1Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões.

2Tem misericórdia de mim porque não sou capaz de compreender o bem, de retribuir as dádivas, de compartilhar a bondade.

3Tem misericórdia de mim e ilumina a minha vida. Eu cansei da escuridão e do medo.

4Lava-me com o sangue do Teu cordeiro e serei mais branco que a neve.

5Renova a minha mente. Transforma as minhas ações.

6Planta em mim a semente da Tua palavra e faz germinar a Tua sabedoria. Ainda que os frutos da minha árvore sejam loucura para os de fora.

7E não me deixes esquecer das palavras do Teu menino:

8"Bem-aventurados os que se encontram em situação de rua, pois herdarão os palácios do céu."

9Pai, ensina-me a ser um cavaleiro da Tua Esperança.

(A foto foi tirada a alguns metros da minha casa. Numa manhã de inverno, alguns meninos tentam se esquentar nos respiradores com o ar quente do metrô.)

Lucas Pet Magalhães


A Divina Mansão pt2 [AV10]

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

(Autor: Rodrigo Maia)
Episódio anterior




Abrimos a porta do fundo enquanto Bruna perguntava:
“Será que nos viram?”

“Não sei.. por aqui!” Indiquei umas escadas a esquerda depois da cozinha em que estávamos.
Olhamos para trás e vimos que tinha aquela entradinha de cachorros na porta... que azar!

“GRRRRR! WHOLF! WHOLF! GRRRR"

“SOBE! SOBE!”

Subimos as escadas correndo enquanto aquele cão escorregava no piso (era engraçado, mas na hora eu nem pensava em rir).

Deixei Bruna passar minha frente e logo ela encontrou uma porta meio aberta: “Por aqui Rafa!”
Eu estava correndo logo atrás dela. Olhei para a porta que ela abrira e vi um rápido feixe de luz roxa em baixo daquela porta. Fiquei mais apavorado ainda, mas na emoção e na adrenalina tive mais medo do rotweiller do que daquela luz misteriosa.

Entramos e fechamos a porta enquanto escutávamos o cachorro rosnando e batendo as patinhas na porta.
De olhos fitos para a porta andamos de costas enquanto escutávamos bem baixo alguém dentro da casa gritar: “Thor? Hey Thor?”

“Deixe que eu tiro ele lá de cima, pode eshperar aqui meshmo.”
“Mas Sr. Divino ele é grande. Ele pode até derrubar o senhor.”

Thor continuava insistindo em entrar onde estávamos:
“GRRRRRR... SNIFF ... SNIFF”

“Thooor! Seu papai eshtá chamando... venha garoto!”

Continuamos andando de costas e esbarramos em uma cômoda.

“Bruna! Olhe isso daqui...”
“Huh? É o símbolo do meu avô...”

A cômoda era de madeira e tinha a cor bem clara, nela havia vários porta-retratos em cima e logo atrás na parede havia aquele símbolo pela metade que lembrava uma letra ‘Q’. Era quase do tamanho da cômoda.
“Você conhece o Sr. Divino, Bruna?”
“Não...”
“Mas pq ele também tem o símbolo do seu avô?”
“Não sei... por um momento achei que ele pudesse estar vivo.”
“Mas não sabemos ainda.”
“Melhor nos entregarmos...”
“Não Bruna! Sempre quando achamos não ter saída é que a...”
“... aventura entra...” Falamos juntos essa parte.

“É. Vc sempre me falava isso Rafa. Vc me ajudou a ser mais aventureira. O que aconteceu com vc? Pq está tão medroso ultimamente?”

Fiquei sem graça (não tinha parado para perceber isso também) e pra me desculpar comecei a mexer nos retratos e num vasinho de planta que tinha ali quando comecei a me explicar:

“Não... num é... é que...”

<cleck>

“Rafa?”
“Não quebrei o galho da planta... ele já tava assim.”
Bruna veio e botou a mão pra tentar colocar no lugar o galhinho, mas quando ela desentortou fez um barulho de metal como se fosse algo se soltando:

<treck-trim>

Bruna me olhou com aquele olhar de sorriso aventureiro e eu logo disse.

“A não... não, não, não, não, não...”

“O quê?? Deve ter uma passagem secreta...”

“Bruna... não... já vimos esse filme antes. Vc tinha razão... é melhor nos entregarmos, pq  podemos piorar a situação...”

“ 'Quando não há saída é que a aventura entra'. Lembra?”
“Não, Bruna. Éramos crianças cheias de imaginação...”

A cômoda de repente deu uma tremidinha afastando-se da parede como um vagão de trem de mina.
Eu me aproximei e bati na parede.

<tok tok>

“É oca...” Dizia eu.

<reeenk shuiiiinnnnnnn>

“RAFA!”
“BRUNAA!”

A cômoda deitou no chão se afastando mais da parede e derrubou  Bruna fazendo-a cair em cima daquela cômoda esquisita. Foi tão rápido o movimento que  vi a cômoda vindo com tudo em minha direção. Saí da frente e...

“Aaaaaaaaaaaa!” Bruna gritava.

<brooooommmm scroooobfh>

A cômoda quebrou parte da parede e levou Bruna com ela para aquele compartimento secreto.
“BRUNAAAA!”

“AAAAAAAHHH”

Bruna gritou até que escutamos outro: <brooom!>

Fui e me aproximei do rombo na parede preocupado com toda aquela situação e vi que estava muito escuro lá dentro. Enfiei minha cabeça lá e vi uma enorme lua no horizonte a minha direita. Foi a coisa mais esquisita que já vi na vida, pois era de manhã e ali eu vi uma linda lua, estrelas e uma poeira nas estrelas meio esverdeada e roxa.

Na minha frente vi algo mais estranho...

“Bruna! Bruna??”

Parecia que o tempo tinha parado, pq ela estava segurando na cômoda só com as mãos e o seu corpo estava na horizontal no ar. Não existiam trilhos de vagão lá dentro, ela simplesmente havia saltado batendo tão forte que entrou um pouco numa outra parede que estava de frente.

Tinha outra coisa estranha... Parecia que Bruna estava com um vestido meio rosa e na hora pensei: “Não me lembro dela estar com essa roupa. É verdade, homens não reparam em roupa.”

Resolvi “gritar” baixo (como se fosse adiantar depois de todo aquele barulho todo): “Bruna, vc está bem?”

“Raaafa...” Ela me respondeu tão baixo quanto eu, mas eu podia ouvir claramente, parecia haver um tipo de boa acústica naquele lugar.
“Oi.”
“Rafa, eu morri?”
“Não... quero dizer... não sei..  É estranho... vc está parada no ar.” Eu dizia isso olhando para baixo para procurar o chão, mas não via nada. Tava claro que era um precipício. (Dentro de uma casa?)
“Bruna, não olhe para baix... Bru-Bruna? O que vc está fazendo?”

Ela soltou da cômoda devagar e flutuando virou-se para mim e disse: “Rafa, não tem gravidade... que lugar é esse?”

“Hã?”

Ela se empurrou para voltar em minha direção, mas parecia que ela estava mais abaixo de mim e quanto mais aproximava, mais ela descia.

“Bruna, vc tá caindo... eeer... eu acho...”

“Droga! Rápido Rafa, me segure!”

Tentei esticar com o guarda-chuva para ela me alcançar mais ela ainda estava longe.

<cleck, cleck>

“Droga! Eles estão entrando aqui.”

Olhei ao redor pra ver como pegar a Bruna, mas não achava nada. De repente nós dois vimos um tijolo saindo do ar e voltando para onde ele estava antes de quebrar e vi ele se encaixando.
De repente veio outro, outro e mais outro.

“Rápido Rafa, estou caindo... acho que esse lugar vai fechar!”

A porta começou a fazer barulho de que realmente estava abrindo e ao mesmo tempo a cômoda começou a voltar também.

“RAFA! RAFA?”

“Calma! Calma!”

"GRRRRR" O cão ainda estava lá na porta e agora? E agora????
<cleck, cleck>

A cômoda estava mais perto e o buraco mais fechado.
A porta do quarto abriu...


“RAFAAAA!”


“DROOOGA!”








Eu pulei...












A cômoda...






me acertou no ombro quando pulei ...







e a única saída fechou-se magicamente...



... começamos a cair gradativamente mais rápido e mais rápido.

“Rafa!? SOCORRO!”

Fiquei tão atônito que nem gritava, só ficava com a mão no ombro pra sarar a dor e sentindo o vento vindo de baixo pra cima.

E sentia esse vento vindo cada vez mais rápido.

Pensei:
“Pronto, é o fim.

Vamos morrer....”

Continua...


Episódios
1º Temporada - Contos da Aldeia Vila Verde: 

Ep. 9 A divina mansão 
Ep.10 A divina mansão 2 << Você está aqui